quinta-feira, 30 de setembro de 2010


Você me provoca sem esperar a picada. Sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno.

( Caio F.)

domingo, 26 de setembro de 2010


Chamas por mim, ouço tua voz
Que queres de mim, ó meu Senhor?
Estou aqui, ao teu dispor
Servo fiel à tua vontade eu serei
Teus planos vão além do que eu possa entender
Quem sou eu pra merecer tantas graças assim?
Meu sim eu quero te dizer, querer o teu querer
E assim viver
Pois eu já não posso mais
Calar a voz que grita em mim

Fiat
Faça-se, faz em mim
Quero que faças sim
Tua vontade, sim
Faz em mim
Quero que faças sim


Simples mulher
Pura e fiel
Como tua mãe eu quero ser
Silenciar diante de ti
E guardar tudo dentro do meu coração
Não quero que a embriaguez dos vinhos que bebi
Me impeça de provar o sabor do teu vinho novo
Sede nunca mais terei, contigo posso sempre renascer
Eu sei, já não posso mais.
Calar a voz que grita em mim.

(Fiat- Banda Dom)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


Estranho, mas é sempre como se houvesse por trás do livre-arbítrio um roteiro fixo, pré-determinado, que não pode ser violado.

(Caio F.)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas que são bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra. Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés daquelas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.). E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você - seria, seriam? Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.
Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua. Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.

(Caio F.)

terça-feira, 21 de setembro de 2010


(...)E você se acostuma tanto a ver todo mundo guardando o seu pra si, que começa a fazer igual. Mas de vez em quando aparece uma ovelhinha, sabe, uma ovelhinha que não consegue dissimular que dói, que não consegue entender por que ela tem de ser má igual a todo mundo. E essa aí, esse aí que seja, não tem costelas que protejam o coração, então ele cobre com lã e cota de malha, uma defesa externa que não permite ver o brilho do próprio peito. E pra esses, meu amigo, o amor é um labirinto: milhares de pistas e nenhum céu. Eles não conseguem ler, nem conseguem confiar, e plantam armadilhas. E pra amar gente assim, brother, precisa voar por sobre tudo. Sobre tudo mesmo.

(Caio F.)

domingo, 19 de setembro de 2010


Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você.

(Caio F.)

Ah, mas tudo bem. Em seguida todo mundo se acostuma. As pessoas esquecem umas das outra com tanta facilidade. Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é.

(Caio F.)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Eu, um homem velho, abrutecido pelo sol e maresia, na nau decadente da minha juventude longínqua, sigo. Tanto mar, tanto mar. E eu, orando aos céus por mais vento, usando a luneta embaçada em que a percepção varre ao longe a imensidão. Tanto mar, tanto mar. Então, conto os meus dias assim, rasgando à lamina, qualquer madeira fria do navio. E a lente passeia tremula nas laterais da polpa, já a vários dias. Tanto mar, tanto mar. Que os olhos são poças de sangue e a boca se resseca nos vinhos amargos da adega, estragados por um mofo puritano, e desconfio, religioso, e sinto que toda cartografia inútil, estudada por meus especialistas se evapora em meio a medo e renuncia. A todo cruel momento ouço os gritos da proa. Sentimento ao mar! Sentimento ao mar! Numa prece suicida onde morrem os desejos. E então, as mãos calejadas usam a inocente bússola que aponta uma esperança. Tanto mar, tanto... E de repente um clarão. A leste de onde tudo se perde, está ela. Sob os sonhos mas enternecedores e cálidos. A terra que despeja suave, uma alva areia de pele ao alcance dos olhos. A apenas um dia de sorte? Talvez dois! Pois as velas se esqueceram de rugir em movimento. Só meu coração que se prende aos remos e se debate ansioso. Lá, ao longe, seu fluido cabelo contorna a praia em pequenas ondas. Peço aos homens mais pressa. Todos rangem suas ferramentas contra a inerte solidão, como guerreiros numa ultima ceia de vida, famintos por mais tempo, por mais tempo. Dedos se rasgam na corda. Pernas se movimentam no convés. Todos estão a postos. Vejo homens loucos afugentando os pensamentos ruins com o perfume misterioso que emana da ilha, quando a coragem grita do alto do mastro: Caravelas! Caravelas! Velozes espectros cortam as nuvens ao nosso lado. Vejo o negro reluzente dos cachões acesos. Estamos num cerco. A meio dia do paraíso. Surgem desertores. A razão abandona o barco com o bote de resgate. A paixão corre de um lado para o outro, indicando os Xs em mapas especiais de um novo caminho, um lugar mais ameno e tranqüilo longe de todo perigo. Não pretendo acreditar. Sou o descobridor. Não posso desistir para procurar terras menos cobiçadas. A astucia e coragem vislumbram no meu olhar uma lasca de revolta. Empurram canhões para os lados e se põem a disparar incansáveis. Ouço o zumbido das bombas inimigas que passam a esmo devido a arrogância de seus jovens comandantes. Não tenho a pompa das embarcações que me cercam, meu casco esta gasto, mas me vale a experiência de tantas viagens passadas. Winchesters disparam sagazes. Minha tripulação diminui a cada estoucada. Sentimento ao mar! Sentimento ao mar! Gritam os poucos que restam. O que achei ser suor em minha têmpora, tem o gosto vermelho do ferrugem. O curso! Ordeno antes de cair de uma vez. O amor, um sujeito baixinho, agarra-se ferozmente ao leme. O fogo hostil diminui. Meus heróis avariam as embarcações inimigas. Minha vista escurece e procuro na mente alguma prece antiga. Nada. Minha mente fracassa. Ouço gaivotas na praia. Não consigo enxergar. Só um lamento surge em meus lábios feridos: Liz! Liz! Amanha acordarei em terra firme. Desbravarei as curvas montanhosas de sua paisagem. Beberei os licores mais doces de sua boca carnuda. Banhar-me-ei no céu dos seus sorrisos serenos. É o mínimo que se espera por tanto mar. Antes de apagar ainda consigo perceber o amor ao meu lado velando e cuidando dos sobreviventes. Liz! Liz! Liz! No amanha descobrirei o sentido dessa palavra.

Leometáfora

Dedicado à mim ;)

Não sei se a gente pode continuar amigo. Não sei se em algum momento cheguei a ver você completamente como Outra pessoa, ou, o tempo todo, como Uma Possibilidade de Resolver Minha Carência. Estou tentando ser honesto e limpo. Uma possibilidade que eu precisava devorar ou destruir. Porque até hoje não consegui conquistar essa disciplina, essa macrobiótica dos sentimentos, essa frugalidade das emoções. Fico tomado de paixão. Há tempos não ficava.

(Caio F.)

Uma pessoa, quando tá longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica. Então, vocês vão se distanciando e, quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar, por cima, de tudo que ele viveu, e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam, elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra.

(Caio F.)

Chega um ponto que a gente cansa, que não quer mais saber de aventuras ou de procuras, entende?

(Caio F.)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010


Eu quero mesmo é alguém me faça mudar completamente de opinião. Que faça meu corpo querer companhia nos momentos em que minha mente insiste pela solidão.

(Caio F.)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Você acha que o nosso amor pode fazer milagres? - Eu acho que o nosso amor pode fazer tudo aquilo que quisermos.

(Caio F.)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade e querer com mais doçura{...}

(Caio F.)

Sempre fui só sua. Sempre te quis só meu. E você, cego de orgulho bobo, surdo de estupidez, nunca notou. Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter; são como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua, concertar meus erros,viver novos momentos e você não. Você, meu homem, tinha que cuidar. E nessa de cuidar, tenho que cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010


Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir um amor bonito, limpo.

( Caio F.)

Minha sensação depois de cada beijo que nós damos é a de que milhões desses aindao virão, e mesmo parecendo impossivel um ser melhor que outro, você sempre me surpreende com um doce diferente na boca, que parece fazer uma ligação direta pro meu coração.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010


Dançar de rosto colado, pegar na mão à meia-luz, desenhar com a ponta dos dedos cada um dos teus traços, ficar de olho molhado só de te ver, de repente e, se for preciso, também virar a mesa, dar tapa na cara, escândalo na esquina, encher a cara de gim, te expulsar de casa e te pedir pra voltar.

(Caio F.)

E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo{...}

(Caio F.)

Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis, becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver, não é? A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.

(Caio F.)